quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cachaças de Bom Jesus do Itabapoana em processo de certificação

As cachaças de Bom Jesus do Itabapoana, Bousquet e Matinha, estão passando por um processo de certificação que teve início em 2007 e tem previsão de conclusão em 2010. Este trabalho é uma iniciativa do Sebrae/RJ, que tem o objetivo de promover o reconhecimento da qualidade da cachaça artesanal fluminense através da certificação do produto, de acordo com o RAC 126 (Relatório de Avaliação de Conformidade), do Inmetro, tornando estas micro e pequenas empresas competitivas e impulsionando o desenvolvimento técnico, econômico e social do setor no Estado do Rio de Janeiro e, conseqüentemente, de cada região envolvida.

De acordo com Glaudston Menezes, técnico do Sebrae/RJ em Bom Jesus, o projeto está em fase de visitas às 15 empresas participantes produtoras de aguardentes no Estado do Rio de Janeiro para a análise das condições mínimas necessárias e definição das que farão parte do grupo final.

Estas empresas foram selecionadas por estarem registradas e legalizadas, por melhorarem seus processos, por manterem um controle rigoroso da qualidade de seus produtos, por terem uma estrutura de vendas e distribuição regular, por estarem engajadas na melhoria da qualidade de seus produtos e no aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos, e por terem uma boa percepção do mercado. Dentre as ações do processo de certificação estão a contratação e realização de consultorias para adequações e a realização de cursos e clínicas tecnológicas para adequação dos alambiques ao RAC 126.

Segundo Aníbal Bastos, coordenador de derivados de cana-de-açúcar da Unidade de Agronegócios do Sebrae-Na, as cachaças artesanais, detentoras do selo do Inmetro, já experimentam melhores preços no mercado interno.“Os consumidores brasileiros estão dispostos a pagar um preço mais elevado por uma cachaça que tem Certificação e Garantia de Qualidade”, disse.

São parceiros o Sebrae/RJ, a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro, PROGEX/INT, Ministério da Agricultura, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços – SEDEIS, Fundação BioRio e Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça do Estado do Rio de Janeiro – APACERJ.

Histórico da cachaça no Estado do Rio de Janeiro

“No Brasil colonial, com as imensas plantações de cana de açúcar, o povo criou sua bebida – a cachaça.” (Carvalho e Silva, 1998). Desde sua criação, a cachaça se estabeleceu como bebida genuinamente nacional e se desenvolveu a ponto de, com o passar do tempo, se tornar uma das bebidas destiladas mais consumidas no mundo.

Para atingir uma escala maior o processo de produção industrial evoluiu dando prioridade às grandes quantidades e ao baixo custo, em detrimento da qualidade. Como conseqüência, a cachaça, em geral, ficou rotulada como uma bebida barata, sem qualidade, destinada à fatia mais baixa do mercado consumidor.

Existe, porém, uma pequena parcela da produção nacional que preservou os métodos artesanais, destilando em alambiques de cobre ou colunas mistas de baixa capacidade e produzindo uma cachaça que guarda o sabor e aroma superiores. Esta bebida, no entanto, fica, ainda, ofuscada pelos atributos menos nobres da cachaça industrial, dificultando o merecido reconhecimento e a diferenciação.

O Estado do Rio de Janeiro é tradicional na produção de cachaça. Destaca-se a introdução das primeiras colunas de destilação francesas (Morlet) na região do norte fluminense, na década de 30, assim como a consagração histórica da bebida em Paraty, cujo nome se confundia com o da própria cachaça no século XIX e primeiras décadas do século XX, tendo sido o primeiro prêmio concedido no país, em 1908, na Exposição Comercial e Industrial do Rio de Janeiro, para a famosa “Azulada do Peroca”.

As técnicas de produção, história e cultura ficaram, recentemente, publicamente consolidadas, quando a Cachaça de Paraty conquistou a Certificação de Procedência, tornando-se a primeira cachaça do Brasil com Indicação Geográfica.

Em 1998, um grupo de produtores, apoiados por instituições, se organizaram na busca pela competitividade da Cachaça de Qualidade e promoveram um fórum, em Itaperuna – RJ, que reuniu mais de cem produtores de cachaça do Estado do Rio de Janeiro.

Nesta ocasião foi lançada a Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça do Estado do Rio de Janeiro e a partir daí, com o apoio do Sebrae/RJ e do Ministério da Agricultura foram promovidos uma série de cursos e consultorias, visando o aprimoramento da cachaça produzida no estado.

Chegou-se, assim, ao Programa da Cachaça de Excelência do Estado do Rio de Janeiro, que tem buscado a implantação de políticas de apoio e aprimoramento do produto.

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