sexta-feira, 13 de março de 2009

Lindberg pode levar Cabral a deixar Picciani pelo meio do caminho


-Vai sobrar para o Picciani (Jorge Picciani, deputado estadual pelo PMDB e presidente da Assembléia). Resta saber como vão colocar o guizo no gato. O bichano é esperto, arisco e pode ser vingativo.

Na avaliação sobre a disputa às duas vagas no Senado em 2010 pelo Rio de Janeiro, um cardeal do PMDB carioca diz que o governador Sérgio Cabral não terá outra saída a não ser convencer Picciani a desistir da própria candidatura, porque a máquina estadual atuará em favor do petista Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu.

-Lindberg quer porque quer concorrer ao governo do Estado, tenta de todo jeito de aproximar da ministra Dilma Roussef, mas isso não tem sido suficiente. Aos mais próximos se lamenta que o presidente Lula, depois do fortalecimento da amizade com o governador Cabral, o deixou de lado. Faz cara de bebê chorão.

Lula já disse ao governador, num churrasco na casa de praia de Cabral, que este deve concorrer à reeleição. E argumentou que quatro anos não são suficientes para implementar todo plano de governo. O problema é o Lindberg, uma liderança na Baixada, onde a eleição do Estado do Rio pode ser decidida.

-Lindberg está indo a tudo quanto é evento, até a baile funk para propagar sua candidatura. Pode até abrir mão dela, mas quer um prêmio de consolação- diz o observador peemedebista. Para completar em seguida:

-A insistência dele tem deixado Cabral cuspindo marimbondo, mas como ele não poderá resolver a questão com raiva, partirá, mesmo a contragosto, para a negociação.

Já que ficará sem chance de concorrer à medalha de ouro, Lindberg quer pelo menos garantir a prata, ou seja: uma vaga para o Senado e o apoio incondicional do governo estadual, mesmo que no discurso Cabral diga que também está com Picciani caso ele mantenha sua pretensão. A possível candidatura de outra petista, Benedita da Silva, não preocupa Lindberg, segundo o observadores. Ela foi suficientemente esvaziada na Secretaria Estadual de Ação Social e terá pouco fôlego nesta corrida.

-Bené não é uma ameaça. Tem alguns votos na capital, mas perdeu espaço político depois do escândalo de sua viagem à Argentina, onde participou de um congresso envangélico pagando a passagem e hospedagem com dinheiro do Governo Federal. Isso quando era ministra do Lula. O problema é dizer ao Picciani que ele não terá todo apoio que desejaria ter. O quadro é esse. Cabral quer o apoio do PT e Lindberg exige a ajuda do PMDB. Ele sonhava com o Palácio Guanabara, mas pode se contentar com Brasília. O que ele não agüenta mais é continuar em Nova Iguaçu.

Outra preocupação de Cabral na sua tentativa de reeleição, além de neutralizar Lindberg, é melhorar sua performance eleitoral no Grande Rio. Depois da sova que levou nas eleições muncipais, o sinal alerta do Palácio Guanabara acendeu:

-A articulação com os municípios vizinhos já começou. Na quarta-feira, por exemplo, Cabral almoçou com o prefeito do PDT em Niterói. Jorge Roberto, como bom político, disse antes a amigos que pediria muito, mas muita coisa ao governador para a sua cidade. Realmente fez isso e foi atendido em todos os seus pedidos.

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